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A janela do pensamento



Parte I
Chovia lá fora, ela, encostada à janela desenhava traços sem nexo naquele vidro pouco limpo, que recebia a sua respiração.
Enquanto isso, ele, escondido naquele canto tapado pela chaise-longue, observa-a sem se notar.

Naquele dia completava vinte e dois Invernos, estava sozinha, a serenidade encontrada era visível no rosado da sua face, os cabelos negros caídos sobre os ombros ainda cheiravam aos sais do banho de onde havia saído minutos atrás, enfiara aquela camisola masculina no seu corpo nu, como sempre fazia nestas alturas e como sempre acontecia era assaltada pelas recordações que esta lhe trazia.
Colocou a mão esquerda sobre o peito, e acariciou-o com gestos suaves e cadenciados.
Ele, pela primeira vez mexeu-se mudando para uma posição que lhe dava uma maior visibilidade.
Ela não reparou, continuava absorta nos seus pensamentos e os desenhos sem nexo continuavam a sair do seu indicador para o embaciado que se formara no interior da janela. Mexeu-se, mudando de posição e dando as costas ao seu observador.
Este, iniciou então um avanço lento e cuidado, sabendo que ela não o veria. Então, pela primeira vez ela reparou que o seu subconsciente forçara o indicador a escrever um nome. O seu rosto iluminou-se, e não resistindo leu-o quase gritando, RUDOLFO!
Ele, assustando-se com o grito inesperado, saltou para cima da livreira que ficava na parede fronteira à janela do quarto, reproduzindo durante o salto um enorme e aflito, MIAAAUUUU!!!!!!!
Ela, encostando-se repentinamente à janela, ainda com a mão esquerda sobre o peito, disse: Filho da puta do gato, um dia ainda acabas com o meu pobre coração.
Parte II
Mal refeita ainda, do susto que o seu lindo Persa lhe pregara, deu-se conta que apertava o peito de forma inusitada, o gesto tinha feito subir a camisola e agora evidenciava toda a nudez do seu corpo, tinha ficado encostada à janela tempo demais enquanto se recompunha, sentia o frio exterior através do vidro da janela trespassar-lhe as nádegas, quando se lembrou do médico que morava em frente. Num salto, refugiou-se atrás do reposteiro sentindo o sangue subir-lhe à face, e pensou se ele a teria visto, a vergonha da incerteza fez com que a sua cara ficasse ainda mais quente, devia estar completamente vermelha.
Sentindo-se afogueada, despiu num gesto brusco a camisola de lã, atirando-a para cima da cómoda vitoriana, sem se dar conta que tinha ficado completamente nua.

A curiosidade começava a apoderar-se dela e quando sentiu alguma coragem, num movimento rápido espreitou, tentando perceber se ele estaria lá.
Tinha sido rápida demais, assim não conseguiria ver nada, encheu-se novamente de coragem e então num gesto mais lento e medido voltou a espreitar, verificando com alívio que não estava ninguém.
Ainda bem, pensou! Saiu devagar detrás do reposteiro que lhe tapava a nudez e perscrutou as janelas do médico solteirão que vivia em frente, confirmando definitivamente que este não estava.
Ouviu então, o som de vidros a quebrarem-se que vinha da porta que dava para o jardim das estufas, e pensou que o seu irrequieto Persa teria feito mais alguma. Correu para lá, tentando perceber o que teria ele partido, na pressa, e esquecendo-se que estava descalça, escorregou indo embater na livreira que tapava toda a parede da sala francesa onde no verão recebia os seus amigos.
Recuperava os sentidos, quando sentiu que alguém a deitava com mil cuidados no sofá, sentiu inexplicavelmente medo de abrir os olhos e cerrou-os com força, ouvindo uma voz que enquanto a tapava com um agasalho quente lhe segredava: Já passou, agora está bem, só um pouco machucada no ombro direito, mas não é nada de importante.
Era a voz dele, do médico, que estaria ele a fazer ali, lembrando-se quase de imediato que estava nua e que tinha estado assim nos seus braços enquanto era transportada para o sofá.
Tentou controlar a respiração para que ele não percebesse que ela já tinha acordado, e pensou na situação em que estava. O que seria que ele iria fazer a seguir, e se a beijasse pensando-a inconsciente? Sentiu de novo o sangue subir-lhe á face e pensou que ele iria reparar, então, sentiu que ele lhe punha algo macio e quente em cima do rosto, que seria? De repente sentiu-se sufocar, e num último esforço ergueu-se, tendo ainda visto de relance o seu gato Persa que subia como um raio as escadas de caracol que levavam ao sótão.
Sentou-se finalmente e pensou - Ele há sonhos bem piores, até que o gajo não é nada de se deitar fora, pena o filha-da-puta do gato ter-me acordado logo nesta altura! Deixando então, escapar um longo suspiro, enquanto um sorriso lhe iluminava a cara ainda ensonada.
Parte III
Segurou-lhe o rosto com ambas as mãos aproximando os lábios dos dela, viu-a fechar os olhos num sinal de abandono à sua vontade enquanto entreabria os lábios para o receber. Beijou-lhe suavemente os olhos, demorando-se o suficiente para que ela percebesse o carinho que já lhe tinha, ouviu-lhe um suspiro de prazer e juntou os lábios aos dela, primeiro, num beijo suave quase amigo, seguido do desejo de lhe sentir a língua na sua, saboreou o momento e a frescura da sua boca quando as línguas se entrelaçaram no rodopiar da descoberta.
Finalmente, as suas mãos soltaram-lhe o rosto, e desceram pelos seus braços até à delicada cintura que abraçou, puxou-a num gesto suave mas firme e sentiu-lhe o peito esmagar-se no seu, enquanto lhe ouvia novo suspiro e sentia o seu corpo abraçá-lo numa entrega e querer convidativos.
Desabotoou-lhe a camisa com gestos lentos mas decididos. Acariciou-lhe os peitos em movimentos exploratórios sentindo-os oferecerem-se soltos e sem amarras. Lentamente, deitou-a no sofá da sala, e viu-a desenvencilhar-se rapidamente da saia.
Os seus beijos eram agora mais sôfregos e as mãos tinham derrubado as fronteiras que a timidez no início impunha, ele correspondeu e explorou com as suas cada milímetro de pele até se deter finalmente no sexo, primeiro, com suavidade, acariciou-o até o sentir húmido de prazer, depois, os movimentos tornaram-se tendencialmente circulares em volta do seu clítoris, até a ouvir num sussurro dizer: - Vem, quero ser tua agora.
Tinham sido as primeiras palavras desde que entraram em casa. Ele, colocando a mão no interior das suas pernas fez uma leve pressão para que ela as abrisse, ao que ela acedeu prontamente encontrando uma posição confortável para o receber. Olhou bem nos seus olhos no preciso momento em que o guiou na penetração.
Era quase manhã quando ela acordou, ele estava ali não era um sonho, ainda dormia e ela pensou em como tudo tinha acontecido, o encontro na Gulbenkian durante a exposição, o convite para um café, o descuido dele quando lhe agarrou a mão fingindo um desequilíbrio para não mais a largar, a boleia para casa já que eram vizinhos, o tempo saboroso que estiveram à conversa no carro antes de ele a convidar para uma bebida e depois aquela noite, mas que noite, uma noite de sonho, e que homem, melhor que todos os sonhos que tivesse tido até aí e que sempre eram interrompidos pelo seu gato- GATO!!! - Sim amor! - Não é contigo, esqueci-me de dar comida ao filho-da-puta do gato, deve estar uma fera, adeus e não te esqueças que moro ali em frente.
Enquanto fechava a porta ouviu-o ainda dizer: Eu sei, vi-te com essas bochechas esborrachadas na janela.

*fonte: A Rua dos Contos <http://www.prahoje.com.br/>


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Linda Huber - Graphite Pencil Artist


Linda Huber é uma mulher cheia de arte!!! É uma americana residente de Middlesburgh, Nova York, em seus cinquenta e nove anos de vida, e dona de um dom incrível: a arte de colocar um realismo fora do comum em seus desenhos apenas com lápis grafite. O detalhe do brilho, o jogo das luzes e sombras, a leveza e perfeição destacam o seu trabalho como um dos melhores já apresentados no estilo.
O lápis pode ser comparado a uma varinha de condão, capaz de dar vida aos rabiscos da artista, transformando os traços em algo vivo e real. Parecem fotografias preto e branco.
É minuciosa, detalhista, possuidora de uma técnica apurada que ganhou através de muitos anos de dedicação e especialização. Retratos são os seus favoritos.
Puro talento, essa bela artista.
Segundo ela própria diz: “El arte del dibujo con lápiz ha sido una parte importante de mi vida desde hace más de 30 años. Soy una artista autodidacta y que a través los años ha luchado por darle el mayor realismo a cada dibujo, utilizando únicamente lápices de grafito. Los detalles son la clave para aportar realismo, también es muy importante la paciencia, centrando la tarea sobre pequeñas áreas y trabajándola hasta lograr el máximo realismo, para luego sí pasar a otra área, en una técnica que yo misma desarrollé. El retrato es uno de mis favoritos debido a los rasgos que pueden ser plasmados en el papel, y porque la captura de una personalidad única e irrepetible es siempre un reto muy gratificante”.
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Ótimos momentos, com Linda!
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